20 de jul. de 2011

Desencontros



Quem de nós se atreve a revelar os mistérios ocultos da vida? Quem navegará por mares nunca antes navegados? Caminhos inesperados que nos levam à descoberta, às juras que juramos eternas e acabam desgastadas pela erosão do tempo. Juras feitas no calor da paixão ou até mesmo em um mero gesto de amizade. Palavras doces de se ouvir, embora fáceis de falar! Mal sabemos nós que a vida tem os seus próprios contornos incontornáveis, que não dependem da vontade humana. 
Me encontro deitado na cama, é madrugada e o meu pensamento flutua por passados longínquos, felicidades compartilhadas com pessoas que hoje são recordações. Não estou triste, apenas caí na armadilha da mente humana que me faz recuar no tempo, relembrando momentos de alegria ou tristeza.

Certa vez conheci uma moça chamada Luísa, não muito linda, mas com um toque especial. Foi o primeiro e último dia que a vi. Nunca mais contemplei seu rosto, mas me lembro dela ainda hoje. Um dia bastou para ser lembrada por uma vida. Então desapareceu, como num toque de mágica, como um foguete lançado ao céu. Trilhou outros caminhos, sonhou outros sonhos, quem sabe encontrou o amor.

Susana. Linda ao ponto de ser invejada, loira atraente. Melhor amiga, melhores momentos, segredos confiados, amizade julgada eterna e desgastada pelo tempo. As fortalezas do meu coração se derribaram, eu me deixava levar a cada palavra sua. O amor aconteceu. Eu aproveitava cada momento para me declarar, mas nada aconteceu. Ela me considerava amigo, nada mais, o melhor amigo. Então aos poucos, tudo foi desabando. As conversas que antes duravam horas, passaram a ser curtas e sem interesse. Conversas rápidas, sem futuro, como uma doença em fase terminal. Mais tarde perdemos contato e só consegui saber que estava namorando. Já passaram dez anos, nunca mais soube nada dela. Qual será a sua profissão? Casou e teve filhos ou casou e se separou? Estará viva ou morta? Queria saber se ela se lembra de mim, como eu me lembro agora. Deitada na cama, juntando as peças até formar um passado nítido, então me ver nos momentos que nem o tempo poderá apagar.

Também já fiz promessas e não cumpri, não por desinteresse, mas pelo resultado do tempo. Já pensei que tinha encontrado a mulher da minha vida, mas tudo acabou. Já disse que amaria para sempre, mas o coração contrariou. Por vezes as promessas não dependem de mim. Não sou super herói, sou humano. Por outro lado, do que seria o amor sem promessas? O amor por si só já é uma promessa.

Bruno G. Weldt      

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