8 de out. de 2013

Inspiração



Ela acorda e se espreguiça. Vira de lado, me dá um beijo na face e sussurra que me ama. Firma-se com o cotovelo e por segundos me fita com um olhar magnífico. Os seus cabelos da cor do cacau, pairam por seus ombros nus. Com um movimento rápido, ela se põe de pé e desperta para o mundo. Caminha ao banheiro com passos inseguros, lava o rosto e se contempla no espelho. Linda é pouco para tanta beleza! Seu rosto exala jovialidade, nos seus olhos azuis cabem sonhos que deixariam o mundo de queixo caído. Sua pele, sem nenhum traço de imperfeição, revela a menina que foi e ainda é. Sou grato a Deus, pela esposa fascinante que guardou para mim.
Então num piscar de olhos, ela se joga encima da cama, apoia a cabeça por entre as mãos e me pergunta:
- O que faremos hoje meu amor? – sua voz me desperta do devaneio. Passo as mãos pelo rosto e dou um bocejo.
- Bom, não sei, mas tenho uma ideia – um sorriso tímido se acende em seus lábios.
- E qual seria?
- Que tal desfilar mais um pouco pelo quarto? Enquanto eu fico aqui só te observando – não me cansaria, jamais irei me cansar. Poderia ficar assim, deitado, quieto, só observando a mulher que eu desejo para sempre. O seu sorriso se transforma numa risada, ela me dá um soco delicado no braço.
- Que bobo! É sério, o que vamos fazer?
- Mas eu estou falando sério. Mais sério que isso é impossível – consigo notar o seu desapontamento. Ela faz beicinho e fica irresistível. Então eu a trago para perto de mim, ela recosta a cabeça no meu peito e fica pensativa. Os meus braços envolvem seu corpo e nada é mais lindo no mundo. Eu beijo sua testa, seus cabelos e sinto o aroma do xampu de frutas vermelhas que ela usa.
- Você sabe que te amo não é?
- De onde veio isso agora? – ela levanta o seu olhar desconfiado para mim.
- Do coração. E nada de graça ok? Eu te amo muito, mais do que algum dia você poderá imaginar. Aliás, não tente imaginar, apenas sinta.
- Que meloso! Tão bonitinho o meu amor se declarando – e solta uma gargalhada que preenche o vazio ao nosso redor. Mesmo me sentindo frustrado, ainda consigo dar um sorriso torto.
- Para de rir, não tem graça nenhuma – faço cara de amuado e ela nota, então para remendar o clima perdido, me faz cócegas na barriga. Inevitavelmente eu começo a rir e me entrego.
- Que tal jantar fora hoje?
- Pode ser. Que horas eu coloco a mesa lá fora? – dou a recompensa pela frustração sentida.
- Haha, que piadinha boa! – ela me dá outro soco inofensivo. Eu amo deixá-la contrariada.
- Vamos, vai se arrumar. Enquanto a noite não chega, vamos dar uma volta pelo parque. Mas se ajeita, não pense em ir assim, toda feia.
- Eu sou linda e maravilhosa. Alguém tem que fazer a diferença nessa casa, não é? – e os nossos risos se misturam. Então ela se liberta dos meus braços e se fecha no banheiro.

Bruno G. Weldt