29 de jul. de 2013

Madrugada Doída



Pela janela embaçada eu te vejo partir, como uma ladra que acabou de roubar um coração. Caminha com passos seguros, sem se quer olhar para trás. Eu me vejo só, perdido numa casa vazia. O seu corpo desapareceu e agora restaram as tuas lembranças. Lembranças doídas, amargas, que me causam desconforto. Lembranças que deveriam ser esquecidas, mas me assombram. Lembranças do amor que me fez homem.

Lágrimas descem pelo meu rosto e eu me afasto da janela. O silêncio que impera me dói. Eu estou sozinho, eu perdi tudo. Sinto frio, minhas mãos tremem e eu me desespero. A tua ausência se faz sentir, eu não vivo mais sem o teu amor. Eu não vivo sem você, eu não sei, eu não quero. Eu não quero acordar sem o teu rosto do meu lado, sem o teu corpo na nossa cama. Não quero correr o risco de nunca mais ouvir a tua voz, a voz que me derrete, que acalma o meu coração. Não quero perder o teu riso misturado com o meu. O meu riso sem o teu é imperfeito, não se encaixa, não faz sentido. Eu não sei o que será de mim.

Então eu desperto do pesadelo. Olho para o lado, o travesseiro vazio confirma a tua ausência. Mais um pesadelo, mais uma noite sem você. Mas você precisa saber de uma coisa, eu quero te contar. Alcanço o celular e disco um número. É tarde, mas eu necessito te ouvir.

- Meu Deus, quem é? – tua voz sonolenta ressoa irritada. Eu fico mudo por segundos, apenas para ouvir tua respiração. Quanto tempo, quantas saudades!

- Eu ainda te amo – minha voz sai emocionada, uma lágrima rola, eu desligo e me perco na escuridão do quarto.

Bruno G. Weldt

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